A instalação de novos terminais portuários nas áreas de portos organizados no Pará está sendo dificultada pelo impasse criado pelo Tribunal de Contas da União (TCU), que em dezembro, estabeleceu 19 condições para que o governo publique o edital para licitação dos portos de Santos, em São Paulo, Belém, Santarém e Vila do Conde, no Pará, além dos terminais de Outeiro e Miramar, também no Pará. Os ministros consideraram insuficientes os estudos apresentados pelo governo e pediram mais informações técnicas sobre os projetos.
Entre as condições estabelecidas pelo TCU está a conclusão de estudos já encomendados pelo governo a universidades, por determinação do tribunal, sobre a competição dentro e fora dos portos. O TCU também quer que o governo estabeleça teto de tarifas para todos os portos, mesmo para aqueles que serão licitados pela modalidade de maior movimentação de carga.
Também foi determinada a realização de inventário dos bens existentes nos portos e uma melhor definição dos projetos de engenharia de cada terminal.
Estes são primeiros estudos de arrendamento de portos sob o novo marco regulatório que foi aprovado no primeiro semestre pelo Congresso Nacional. O governo pretende licitar 29 áreas, nove em Santos e 20 no Pará. O critério para escolha dos vencedores do leilão será o de menor tarifa, no caso de terminais de contêineres. Para terminais de cadeias integradas, como as de agronegócios e de movimentação de graneis, será usado o critério de metas de capacidade de movimentação.
A relatora do processo, ministra Ana Arraes, acatou todas as sugestões da área técnica e acrescentou quatro condições. Ela criticou o governo, dizendo que os estudos não foram encaminhados ao TCU com a completude necessária, nem acompanhados de relatórios e das notas técnicas necessárias. Segundo ela, a maior parte das informações foi obtida por meio de questionamentos dos técnicos do TCU, que encaminharam mais de 150 perguntas à Secretaria Especial de Portos e à Antaq.
O governo entregou os estudos ao TCU em outubro do ano passado, com a expectativa de publicar o edital naquele mesmo ano. Agora, a publicação do edital vai depender do cumprimento das condicionantes pelo governo. “As determinações do tribunal são aperfeiçoamentos nos estudos e inconsistências que foram encontradas e precisam ser corrigidas para que eles possam prosseguir e dar mais segurança à licitação, que será a primeira na área de portos, e o porto mais importante do país. Então, o tribunal tem todo cuidado para que os estudos sejam adequados e consistentes”, disse o secretário de Fiscalização de Desestatização e Regulação de Transportes do TCU, Davi Ferreira Barreto.
A estimativa é que a receita total dos empreendimentos licitados nesses portos somem cerca de R$ 39 bilhões, com investimentos próximos a R$ 5,5 bilhões e pagamentos mensais às autoridades portuárias próximos a R$ 17 milhões.
O governo informou que vai pedir revisão de algumas das 19 condições que o Tribunal de Contas da União (TCU) impôs para liberar a publicação do edital dos portos de Santos e do Pará. “Lamento que na questão dos portos a gente tenha tido essa decisão que vai atrasar, com certeza, a colocação dos arrendamentos. Mas já estamos preparando todas as respostas e vamos pedir a revisão de alguns itens colocados pela ministra Ana [Arrais, relatora do processo no TCU]”, disse em janeiro a então ministra chefe da Casa Civil, Gleisi Hoffmann.
Atraso - O chamado porto organizado é uma área definida pelo governo onde, para construir um terminal portuário, a empresa precisa participar de um processo de licitação, para arrendamento. Muitas empresas, como a que estão instalando terminais de grãos no Pará, fogem destas áreas, pois além da burocracia há os custos com o pagamento de taxas para o governo. Por isso a maior parte das empresas buscam construir os seus terminais fora destas áreas, configurando o chamado Terminal de Uso Privativo (TUP).
No caso de Santarém, por exemplo, o porto organizado engloba toda a extensão da frente da cidade, iniciando acima do porto da CDP, no Rio Tapajós, indo até a entrada do Maicá, já no Rio Amazonas. Muitas empresas já manifestaram interesse em instalar novos terminais em Santarém, mas a burocracia e o atraso nas concorrências para estas áreas têm afastado os investidores, que ainda buscam áreas fora do porto organizado para instalarem seus empreendimentos.
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