![]() |
Santarém: onde está o verde? |
Aqui e ali, ouço comentários de que Santarém deveria assumir a sua vocação de cidade verde, sustentável, no meio da Amazônia. Pela sua localização, no coração amazônico, a cidade deveria ser exemplo de sustentabilidade. A verdade é que Santarém perde feio para outras cidades, muitas delas incrustadas em regiões onde a vocação natural não é a preservação das florestas.
![]() |
SInop: três milhões de m² de floresta |
Então a pergunta que se faz é porque Sinop, capital do agronegócio, é uma cidade verde, enquanto Santarém, capital na natureza, não é? Talvez a resposta esteja na visão míope das elites locais, que por mais de 300 anos ocupam o espaço urbano de forma desordenada, sem planejamento e sem a mínima preocupação com a questão ambiental.
Mais recentemente, nos últimos 30 anos, a cidade vem vivendo um processo de expansão acelerado, sem qualquer planejamento, sem saneamento e sem um projeto de preservação do verde e de arborização. Agora, mais recentemente, recebeu grandes projetos de urbanismo, que foram feitos sem considerar a vocação natural da cidade, colocando todo o verde no chão e transformando áreas imensas em desertos.
Curioso é que Santarém é também uma espécie de capital de organizações ambientalistas. Com tanta gente para defender a preservação, é no mínimo espantoso que a cidade não possua uma política de criação de parques florestais, de arborização e paisagismo. O Plano Diretor, instrumento adequado para a implantação deste tipo de política, é uma peça de ficção.
Outra curiosidade - não desperta ainda no Ministério Público – é que uma longa contínua faixa de praia e floresta na margem do Rio Tapajós que vai de Santarém a Alter do Chão vem sendo ocupada sistematicamente por mansões e projetos imobiliários sem qualquer obediência a uma política de preservação. Ocupação feita por endinheirados, influentes, muitos dos quais estão por trás de movimentos como Salve o Juá e outros.
Santarém é uma cidade belíssima. E fantástica. Mas sofre por causa da visão retrógrada e da falta de sensibilidade de suas elites e lideranças. Está na hora de começar a plantar o futuro, iniciando uma política que possa dar à cidade uma identidade verde e sustentável. Ou será que os terríveis sojeiros de Sinop têm uma sensibilidade ambiental mais aguçada do que os nossos doces e tropicalistas ambientalistas?
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Deixe seu comentário ou sua mensagem para mim