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Rachaduras, lajes descoladas e com infiltração e estruturas escoradas com madeira para evitar desmoronamentos: este é o estado das casas que irão abrigar as famílias despejadas pela Norte Energia, construtora da hidrelétrica de Belo Monte, na cidade de Altamira.
Na última semana, a empresa promoveu os primeiros remanejamentos de moradores despejados dos bairros Olaria e Peixaria para o loteamento Jatobá, que fica a cerca de 5 km das antigas moradias.
Na última sexta feira, 17, a equipe do movimento Xingu Vivo conseguiu entrar no local e fotografar as casas em construção, constatando graves problemas nas estruturas. “É assustador. Diferente do que vem falando a empresa, e do que saiu em uma matéria do Jornal Nacional no sábado, as casas não são de alvenaria coisa nenhuma. O teto é feito de lajes com fendas onde entra água, há rachaduras nas paredes, muitas delas são escoradas com paus pra não desabarem, e, segundo nos contaram, tudo é mascarado com massa e tinta pra enganar os moradores quando são remanejados”, explica Antônia Melo, coordenadora do movimento.
De acordo com operários que trabalharam na construção, o tempo médio de levantamento de uma casa é um dia. As paredes são feitas de telas e preenchidas com concreto, com espessura média de 8 cm. “Nos falaram que o material é o mais vagabundo possível, e as famílias não têm permissão de entrar no loteamento antes da pintura da casa, pra não ver o que está por baixo”, relata Antonia.
Nesta segunda, 20, depois de uma chuva torrencial que caiu no domingo, a equipe do Xingu Vivo e famílias despejadas voltaram ao loteamento para ver as casas, mas o grupo foi impedido por seguranças armados de entrar no local. “Um segurança recebeu a gente com a mão no revolver. Imagina que construção de casa agora tem capanga armado pra ninguém ver como estão sendo feitas. Aí vem a TV Globo e fala que tudo é uma maravilha, realização de um sonho. Queria ver o repórter morar la por um mês com a sua família, nesse cubículo de 63 m2 malfeito, cheio de infiltração, longe de tudo, de escola, posto médico, do comércio”, desabafa a coordenadora do Xingu Vivo.
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