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14 de abr. de 2013

Mais gestão, menos política.

Paulo Leandro Leal

O sistema político brasileiro nunca esteve tão desacreditado. Se houvesse um plebiscito, acredito que a própria democracia poderia ser rejeitada pela população, dadas as mazelas do nosso sistema, sendo as principais a corrupção e a incapacidade de os governos atenderem às necessidades dos governados. Acredito que um dos problemas que gera esta situação é o foco excessivo dos governantes na política eleitoral, deixando de lado a gestão e a política de fato, que é cuidar da coisa pública.

No Brasil, uma eleição começa no exato instante que a outra acaba. Os palanques não são desarmados e os governantes já começam desde o primeiro dia de governo a traçar planos, ações e políticas de acordo com uma visão eleitoreira. O instituto da reeleição agravou este problema, transformando os primeiros mandados como uma mera extensão da campanha eleitoral rumo à reeleição. A eleição sempre é uma festa no País, mas governar parece ser uma tarefa pesada à qual poucos se dedicam com afinco, seriedade e dedicação.

O resultado é o adiamento sistemático de ações e políticas públicas extremamente necessárias para a modernização do país. Vejamos o exemplo das propaladas reformas tributária, trabalhista e política. Nunca saem do papel, por conterem obrigatoriamente medidas impopulares. Os governos, de todas as cores partidárias, se preocupam mais com a popularidade medida pelo Ibope do que com o futuro da Nação. O resultado é que o país vai ficando pra trás em comparação com os concorrentes, isso num momento  extremamente favorável para os países emergentes.

Nos estados e municípios, o ato de governar se resume quase sempre a estender para os palácios disputas políticas entre grupos e famílias. Grupos antagônicos se revezam no poder e governam na maioria das vezes voltados para a simples manutenção do poder, tornando ato secundário as responsabilidades de governante. De olho na eleição, o poder se torna instrumento para abrigar apaninguados, mesmo que não haja a competência necessária para a ocupação dos cargos ocupados pelos aliados. Tudo em nome da eleição.

Uma reforma política que não corrija este sistema não tem sentido de ser. Não adianta mudar as formas de financiamento de campanha, pois este é um problema menor se considerarmos a falta de dedicação à gestão da coisa pública. É preciso racionalizar nosso sistema eleitoral, acabar com a reeleição e instituir um período de mandato um pouco maior, para que  os governantes lembrem que, mais importante do que se eleger, é governar.

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