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18 de mai. de 2014

Santarém e governo de Alexandre Von têm jeito?

Aqui e acolá, leio e ouço as mais diversas análises sobre o governo do tucano Alexandre Von em Santarém, cidade onde moro e que aprendi a amar. Não são poucas as críticas. Passados quase um ano e meio de governo, atrevo-me a expressar a minha humilde e modesta opinião. Com base na minha visão de mundo, ainda acredito que Von possa deixar um bom legado e me atrevo, sem querer ser aqui o dono da razão, a apontar alguns caminhos e soluções, com o único e restrito propósito de contribuir com o desenvolvimento de nossa Pérola. Separei minha análise em alguns tópicos.

A política

Na parte política do governo, Von tem sofrido por estar no mesmo partido de um governo estadual fraco e inepto. Como não pode abandonar o barco do cambaleante Jatene, o governo municipal tem dificuldades de ligar as pontes com o governo federal, fechando um importante canal de escoamento de recursos para o município. Em contrapartida, os investimentos do Estado são pífios. Para piorar, Von é respingado pela péssima avaliação do governo Jatene, turbinada pele rejeição causada pelo posicionamento do governador em defesa do NÂO à criação do Estado do Tapajós.

O prefeito encontra-se dentro de um contexto delicado. Uma grande soma de forças políticas se uniu no Pará para derrotar Jatene, e esse parece ser o caminho natural. Mas como entrar neste barco, sendo do mesmo partido do governador? Será necessária muita habilidade política, ou então o prefeito terá que deixar o jogo correr e ficar apenas torcendo para o seu time vencer. Ele mesmo não poderá fazer muita coisa em favor do seu time, já que lhe faltam credenciais próprias para pedir voto para Jatene, pois neste ano e meio de governo, não foi possível fazer muita coisa.

O caminho que vejo é Alexandre Von não se eximir da sua condição partidária, mas não se expor muito. Hoje, ser visto com Jatene em Santarém, é gol contra. O prefeito pode entrar em campo, mas fazer corpo mole, visando uma reformulação política total de seu governo a partir de janeiro de 2015.

Se Jatene, por milagre, vencer, Von esteve em campo e fez seu papel. Daí pra frente será a vez do governador, já reeleito, enfim, fazer algo por Santarém. Se Helder vencer – e tudo indica que será assim – Alexandre tem espaço para uma aproximação política, o que certamente o obrigará a reformular o seu governo. Terá que compor com o PMDB local e alijar os perdedores. A política funciona assim. Quem sabe se aproxime também do PT, que deve se reeleger no plano federal, criando assim um ambiente político perfeito para que jorrem recursos nos cofres santarenos.

Von já foi de esquerda, do PDT. Não deve ser difícil voltar às origens. E o pragmatismo político ajudaria Santarém.

Nota à margem – A vitória de Helder obrigará o prefeito a fazer um rearranjo político. Se não o fizer, será suicídio político. PMDB e PT se juntariam novamente e, em 2016, certamente desalojariam Alexandre Von do palácio municipal.

O síndico

Como administrador dos problemas da cidade, Alexandre Von tem feito um trabalho, até o momento, médio. Até mesmo por falta de tempo hábil para imprimir a sua marca. Não tem sido um síndico brilhante. Tem cuidado bem de ruas já asfaltadas e praças, mas é preciso ir além.

Santarém têm um déficit histórico de infraestrutura urbana, que não será resolvido inteiramente neste governo. Nem no próximo. Então é preciso ter foco e prioridades, criando uma agenda de ações e obras de impactos que possam mudar a imagem construída até agora do governo.

Além de cuidar bem do que existe, é preciso fazer mais. Uma boa idéia é criar novas artérias pavimentadas que façam, principalmente, o papel de ligação entre bairros, que encurtam distâncias e permitem a melhoria da mobilidade urbana para milhares de pessoas. Maria do Carmo fez isso muito bem, de forma inteligente. Fez pouco asfalto, mas o que foi feito fez a diferença na cidade.

Também é preciso de projetos de impacto, que mudem a cidade para sempre. Um projeto que tem esse potencial, e que parece ter sido esquecido em alguma gaveta no governo Maria do Carmo, é a da Rodovia Interpraias, uma estrada pavimentada que sairia de perto do aeroporto, passaria por praticamente todas as praias até Alter do Chão, depois fazendo a ligação até Belterra, retornando e Santarém.

Seria uma espécie de anel viário turístico, que iria provocar um boom extraordinário no setor turístico de Santarém, além de incentivar investimentos imobiliários, especialmente voltados para o turismo, aproveitando o potencial turístico da cidade. Esta seria uma obra que escreveria definitivamente o nome de Alexandre Von na história de Santarém, com impactos altamente positivos para toda a população.

O estadista

O papel de estadista, a meu ver, se traduz na capacidade do administrador de buscar grandes investimentos que possam mudar a realidade local. Santarém, cidade belíssima, pólo turístico, de serviços e educacional, necessita de empreendimentos que possam oportunizar à sua população melhores condições de empregabilidade. Nossa cidade paga muito mal os seus trabalhadores, forçando a renda per capita para baixo.

Neste quesito, acredito que Alexandre Von esteja mal assessorando. Falta informação, falta planejamento. Existem alguns grandes empreendimentos dispostos a se instalar na cidade, especialmente na área de logística portuária e agronegócio, mas falta uma ação mais enérgica. Além disso, o componente político relatado no primeiro tópico desta análise atrapalha um pouco o ambiente de negócios.

Citamos como exemplo a necessidade de reduzir a chamada área do porto organizado de Santarém. Esta redução é fundamental para a confirmação da instalação de novos empreendimentos portuários, especialmente fora da área da atual CDP, que possui sérios problemas, especialmente ligados à mobilidade urbana e trânsito. Se tivesse um alinhamento com o governo federal, seria mais fácil essa redução.

Também sinto falta de um trabalho mais profissional para alicerçar os investimentos que se pretendem implantar aqui. Não dá para jogar com amadores num jogo tão pesado e profissional que é o da concorrência entre cidades e estados por investimentos. É preciso números, dados, projeções e informações com credibilidade e não levantadas por pequenos institutos locais, desconhecido dos grandes investidores.

A atração de grandes investimentos também passa, necessariamente, por uma política tributária mais eficiente e inteligente, que incentiva o empresário, e não o penalize.

Outro fator importante que não deve escapar ao estadista é a capacidade de planejamento, ou seja, a capacidade de antecipar ações, obras e projetos que farão a diferença para a cidade dentro de algum tempo. Lira Maia teve essa percepção ao construir o viaduto, sem o qual hoje teríamos um caos naquela área da cidade. Para ser estadista, muitas vezes, é preciso enfrentar sem medo a oposição daqueles que não conseguem enxergar o futuro.

Essas são minhas considerações, que acredito que não abordam toda a complexidade de um governo de uma cidade do tamanho de Santarém, nem têm a intenção de servir de lição ou de guia. Trata-se apenas de minha opinião, que espero estar contribuindo com o debate.

2 comentários:

  1. Caro jornalista-empresário,

    Amo Santarém, embora more em Belém por contingência profissional (sou servidor da Justiça do Trabalho), mas pretendo voltar para a 'Pérola' (mais qualidade de vida) assim que o órgão permitir. Quero parabeniza-lo pela excelente análise político/administrativo sobre a atualidade de Santarém. No entanto, aproveito para fazer apenas um reparo (talvez seja apenas um deleite da minha parte) quanto às possíveis obras que o prefeito deve priorizar para marcar sua gestão e trazer benefícios para a cidade. Trata-se de dar prosseguimento à urbanização da orla da cidade, que termina em plena área central da cidade (praça São Sebastião). Meu temor é que aconteça o mesmo fenômeno de ocupação da orla de Belém, quase totalmente invadida (existem apenas frestas e um pedaço de orla construído recentemente para os lados do Guamá) ora por palafitas, ora por pequenos negócios e até mesmo grandes empresas. O que percebo é que isso já está acontecendo pelos lados da Prainha. Acho que essa obra seria da maior importância pois além de dar maior beleza para a cidade iria valorizar o elemento mais o importante para a cidade que é o rio.
    Atenciosamente
    Allan Santos

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  2. Prezado Allan. Obrigado por seu comentário. Faço minhas as suas palavras, mas infelizmente este processo de ocupação já está acontecendo. Vamos torcer, e lutar, para que não fechem a frente da cidade para o rio.

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